terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sustentabilidade!


Procurando o que postar hoje no blog, achei uma entrevista no site administradores sobre um tema que estamos estudando e que cada vez mais torna-se indispensável nas Organizações, a sustentabilidade.

Entrevista com Renato Abramovich, diretor regional norte-nordeste da Natura

Administradores - Sustentabilidade é o conceito da moda. Apesar de ser falada há quase 25 anos, foi apenas nesta última década que empresas e consumidores passaram a atentar para a questão do desenvolvimento sustentável. Você acredita que esse conceito está sendo bem discernido por ambos, empresas e consumidores?

Renato Abramovich - Acredito que hoje há uma maior consciência sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. Cada vez mais, empresas e consumidores estão atentos ao uso equilibrado dos recursos naturais, maior justiça social e inclusão. Por parte dos consumidores, a ampliação dessa consciência se deu, principalmente, em questões relacionadas ao abastecimento ético de recursos naturais e conservação da biodiversidade. As empresas, por sua vez, estão acordando para o fato de que possuem um papel fundamental na construção do futuro. Cresce o entendimento que o modelo atual de desenvolvimento é antiquado e de que é necessário buscar um novo, capaz de aliar a prosperidade econômica ao atendimento das necessidades humanas e à preservação do meio ambiente.

Acredito que participar dessa tarefa ao lado de atores como os governos e a sociedade civil organizada está saindo dos últimos lugares na lista de prioridades corporativas para se transformar numa questão estratégica. A sustentabilidade é, hoje, um valor determinante de qualquer estratégia de desenvolvimento. Consiste em requisito essencial, tanto em termos globais quanto para qualquer comunidade, por menor que ela seja, porque está associada à qualidade de vida e pautará a agenda de todo o século XXI. Será assim para os indivíduos e também para as empresas.

No caso da Natura, as ações de sustentabilidade também são voltadas para o público interno da empresa? Os colaboradores, acionistas, sócios e os demais públicos são estimulados a adotar o conceito em suas atitudes cotidianas, melhorando dessa forma a qualidade do ambiente de trabalho?

Acreditamos que o sucesso desse modelo depende do engajamento e participação dos diversos parceiros com quem atuamos e na qualidade das relações que estabelecemos, incluindo, portanto, nossos colaboradores e acionistas. Nenhum elo dessa corrente pode responder sozinho aos desafios da sustentabilidade. Por isso, nos preocupamos em estabelecer relações éticas, transparentes e com canais de diálogo abertos aos diversos públicos. Levamos por meio de ferramentas de comunicação, programas de treinamento e campanhas internas os conceitos de sustentabilidade e as iniciativas que promovemos neste sentido.

Realizamos um forte trabalho focado na conscientização de nossos diversos públicos de relacionamento sobre temas como a biodiversidade e sua conservação por meio do manejo sustentável e a busca constante pela inovação de nossos processos e produtos. Acreditamos também que o caminho para assegurar negócios bem sucedidos e sustentáveis envolve a formação de líderes conscientes e genuinamente interessados pelas questões ambientais e pelo desenvolvimento econômico e social. O foco em iniciativas inovadoras e, especialmente, a consolidação de processos robustos que permitam o acompanhamento da evolução do desempenho nos três aspectos do Triple Bottom Line.

     
  NATURA

A Natura é uma das empresas que se mostrou mais inovadora em negócios sustentáveis no Brasil. A fabricante de cosméticos realiza diversas políticas de preservação dos recursos naturais, redução da emissão de poluentes e da utilização de recursos hídricos e ações junto às comunidades que extraem matéria-prima e insumos utilizados nos cosméticos. 
  
     

A Natura Ekos foi um dos modelos pioneiros de fazer negócios de forma sustentável, trabalhando junto a comunidades rurais e inserindo-as no processo de produção. Como você avalia a recepção dos consumidores diante desse projeto? E a questão financeira, é rentável?

Hoje, a preservação do meio ambiente está na ordem do dia. O consumidor está mais preocupado, e também mais consciente. E isso, sem dúvida, está causando um movimento de valorização de produtos sustentáveis, de baixo impacto ambiental. Esta é uma excelente notícia, mas ainda é um movimento que está começando. Nós vemos isso com alegria, mas também como um grande desafio. Porque sabemos que a magnitude e complexidade das questões do desenvolvimento sustentável exigem uma abordagem muito mais ampla e radical do que vem sendo feito até hoje. É um grande desafio estruturar novas cadeias de negócio e gerar oportunidades para pequenas comunidades. Tudo é mais complexo. Porque temos que respeitar o ciclo da natureza para a compra de matéria-prima e garantir que elas sejam extraídas e cultivadas de forma sustentável.

Ainda assim, acreditamos que vale a pena investir nesse modelo de negócios. Com os resultados financeiros positivos que obtivemos nos últimos anos e nosso crescimento constante, podemos afirmar que estamos no caminho certo de nossa estratégia de negócios e que nossos consumidores compartilham da mesma filosofia e, por isso, consomem nossos produtos.

Não é de hoje que os movimentos ecológicos são acusados de impedir o desenvolvimento por ações contra empreendimentos. Como você analisa essa crítica? Preservação do meio ambiente e desenvolvimento podem caminhar juntos?

Em minha opinião, preservação do meio ambiente e desenvolvimento devem caminhar juntos. Tanto é que acreditamos que o valor e longevidade de uma empresa se medem por sua capacidade de promover o desenvolvimento sustentável da sociedade. E, para nós, esse é um caminho sem volta. Nossa experiência demonstra que acreditar e investir nesse modelo de gestão, na interdependência e na qualidade das relações, abre caminhos para uma visão mais sistêmica do negócio, contribuindo para a inserção da empresa na economia global. Tendo em vista a agenda econômica atual, acreditamos que as empresas que estiverem alinhadas aos preceitos do desenvolvimento sustentável, atentas às oportunidades de inovação que esse cenário impõe, se manterão mais competitivas.

Acreditamos que é papel das empresas ser cada vez mais transparentes com seus consumidores e que a sociedade irá valorizar e recompensar as propostas que verdadeiramente promovam os ideais sociais e ambientais. Estamos convictos de que as companhias que entenderem os desafios de seu tempo e ajudarem na busca de soluções para eles serão as que farão diferença no futuro.

Pela sua experiência em outros países, como se situa o Brasil quando o assunto é sustentabilidade? O país é visto com bons olhos lá fora?

Por ser um país megadiverso, com muitas riquezas culturais, sociais e ambientais, o Brasil pode ser uma fonte de inspiração para um mundo que está em acelerado processo de globalização e universalização. Vale ressaltar também que, devido às condições dos países em desenvolvimento, nossa população está mais consciente da necessidade do desenvolvimento sustentável do que as de países desenvolvidos.

Além disso, o Brasil e outros países megadiversos (que concentram cerca de 70% das espécies do planeta em seu território), vêm ocupando papel de destaque no cenário internacional. Exemplo disso foi o destaque esses países tiveram na décima Conferência das Partes (COP-10), na qual o Brasil exerceu um papel de protagonismo. É importante mencionarmos ainda que em nosso país os desafios são grandes, mas as oportunidades geradas também são. É importante conseguirmos fazer uma síntese dessas vantagens e tirarmos seus benefícios. E é nesse contexto que devemos enxergar as oportunidades para nos tornarmos um país protagonista no desenvolvimento da nova economia do século 21.

A Natura emitiu um comunicado no último mês de novembro afirmando que a Lei nacional que trata da biodiversidade seria incostitucional, prejudicial à livre iniciativa e não estaria cumprinto preceitos estabelecidos na Eco – 92. Por quê? Quais os pontos em que essa Lei se destaca e onde precisa ser melhorada?

Nós da Natura nos orgulhamos de sempre ter cumprido os princípios fundamentais da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), tratado internacional firmado na Rio Eco-92 com o objetivo de promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade. A Natura foi, inclusive, pioneira no Brasil em acordos de repartição de benefícios com comunidades tradicionais. No entanto, acreditamos que a Medida Provisória vigente (MP) 2.186/2001 dá margem a interpretações equivocadas e não define regras claras para acesso e repartição de benefícios, fato que pode trazer riscos ao investimento em pesquisa e desenvolvimento.

A falta de uma legislação clara para o acesso à biodiversidade brasileira cerceia a pesquisa e a livre iniciativa e tem inviabilizado o uso sustentável da biodiversidade brasileira. Devido a este cenário, poucas empresas têm atualmente capacidade financeira e estrutura para fazer pesquisa e desenvolvimento com base na nossa biodiversidade. O governo precisaria dar mais suporte institucional, fiscal, tributário e financeiro nesse sentido, começando por uma regulamentação mais consistente. A evolução para uma lei de acesso à biodiversidade traria também ao Brasil a oportunidade de coibir ações de biopirataria e usufruir de toda sua riqueza para o desenvolvimento de soluções tecnológicas e a promoção do desenvolvimento sustentável. Nossa esperança é de que, nos próximos anos, consigamos uma lei mais sólida que proteja o patrimônio natural de nosso país e que promova, ao mesmo tempo, o desenvolvimento social da população. 
Fonte: www.administradores.com.br

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